Ponte de Entre-os-Rios depois da sua queda
Queda da Ponte de Entre-os-Rios
No dia 4 de Março de 2001, passavam alguns minutos das 21h00 quando o alerta foi dado no quartel dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios. Um elemento da corporação dos bombeiros, que vivia junto à ponte Hintze Ribeiro, foi o primeiro aperceber-se e a dar o aviso da queda do tabuleiro da estrutura no Rio Douro.
O espanto instalou-se ao ver-se que os pilares da ponte centenária foram derrubados à força das águas e o tabuleiro caiu, levando consigo um autocarro e três viaturas ligeiras.
Deste sinistro, 59 pessoas morreram naquele que é considerado, até ao instante, o maior acidente rodoviário em Portugal segundo a Rádio Renascença.
Os dias posteriores ao trágico acidente foram de resgate. Nas margens do rio, na zona do sinistro, juntavam-se populares e familiares das vítimas. De acordo com o fórum Bombeiros-Portugal, os Bombeiros Voluntários de Entre-os Rios “Foram os primeiros a chegar e os últimos a partir”.
No dia posterior à tragédia, uma equipa do Instituto Hidrográfico, liderada pelo comandante na altura, Augusto Ezequiel, procurava desesperadamente pelos corpos dos acidentados. Em declarações recentes, Augusto diz que “a força da natureza e o facto daquele rio ter umas correntes elevadas, tal como, recentemente, aconteceu na Madeira. A força da natureza traz, normalmente, destruição e foi o que ali aconteceu”.
O ex-comandante da equipa do Instituto Hidrográfico afirma à Rádio Renascença que, se a tragédia acontecesse hoje “A actuação no terreno não seria muito diferente porque teria de ser feita com os mesmos equipamentos e com as mesmas dificuldades. Penso que, se calhar, o assunto, apesar de ter visibilidade, teria era menos impacto na comunicação social. Os acontecimentos na Madeira tiveram grande impacto nos primeiros dias, mas, felizmente, não tem havido transmissões contínuas”.
O caso da queda já foi julgado. Segundo a Renascença, o Tribunal de Castelo de Paiva absolveu os seis engenheiros acusados pelo Ministério Público de não terem feito o que estaria ao seu alcance para evitar a queda da ponte. Com esta absolvição, nenhum órgão interveniente na construção da ponte foi responsabilizado criminalmente.
Já Horácio Moreira, em declarações ao mesmo media, afirma que “Ainda hoje não acreditamos que não houve responsabilidades”. Para o elemento da Comissão de Familiares das Vítimas da tragédia da ponte permanece “a mágoa de 36 dos 59 corpos nunca terem aparecido”.
Numa opinião mais controversa, Pedro Garcias escreve no site do jornal Público que “Foi preciso morrer tanta gente para os governantes descobrirem que, às portas do Porto, havia um concelho a definhar de pobreza, isolado pelo rio. Foi preciso uma tragédia para se construírem pontes, estradas, escolas, centros de saúde, jardins-de-infância.”
Como consequência directa deste acidente, de acordo com o site do jornal Público, o Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR) aprontou, de imediato, a revisão estrutural de 354 pontes entre o período de Abril e Junho de 2001, em todo o país. Depois desta avaliação das pontes, três delas foram interditas ao trânsito por correrem grande risco de desabamento. Dos cofres do Estado saíram 6 milhões e 650 mil euros, em Maio de 2002, para a reconstrução da Ponte de Hintze Ribeiro, e nove milhões e 279 mil euros a Novembro do mesmo ano na Nova Ponte sobre o rio Douro, em Entre-os-Rios.